Você se lembra do que fez no dia oito de janeiro de 2012? Anderson Chamon, cofundador do PicPay, lembra. Foi o dia — um domingo — em que surgiu a ideia que, oito meses mais tarde, levaria à criação do que é, hoje, o maior aplicativo de pagamentos do País. Começava a história do PicPay.
Anderson, que hoje é também vice-presidente de Tecnologia e Produtos do PicPay,
tinha 31 anos na época e muitos incômodos na hora de fazer pagamentos no dia a dia. Em cada lugar, era uma lógica diferente: alguns só aceitavam dinheiro, outros só cartão de crédito e débito, e alguns preferiam até cheques (isso já faz dez anos!).
A ideia por trás do PicPay era simples: pagar tudo pelo celular só ao escanear um código — o chamado QR Code. Hoje, ele se tornou muito popular. Quem não percebeu a ascensão dos cardápios em QR Code na pandemia? Ou em anúncios na televisão? E esses são só alguns exemplos de uso do dia a dia.
Acontece que, há dez anos, pouquíssimo se falava em QR Code tanto no Brasil, quanto lá fora. E, por ser tão diferente do que era conhecido na época, logo isso se tornaria um grande desafio para o PicPay.
Assim que surgiu a ideia do aplicativo, Chamon conversou com Dárcio Stehling, um dos seus sócios, também cofundador e hoje Diretor Institucional da empresa. Menos de 24 horas depois, já na segunda-feira, 9 de janeiro, o PicPay começou a ser desenvolvido em Vitória, capital do Espírito Santo. Talvez você não se lembre, mas o smartphone, esse tipo de celular que oferece muito mais recursos do que só fazer ligações e mandar SMS, só surgiu em 2007. Foi a chegada do iPhone, lançado pela Apple, que revolucionou esse mercado. Em seguida, em 2008, foi lançado o primeiro celular Android.
As pessoas aderiram rapidamente a essa nova tecnologia, mas, por ser tão recente, ninguém sabia muito bem no que aquilo ia dar.
Por isso, quando os fundadores do PicPay tentavam provar que o negócio ia dar certo para investidores interessados, tinham dois desafios: o primeiro era mostrar que o smartphone daria certo. Só a partir disso é que deveriam convencê-los de que o PicPay poderia vingar.
“Eu diria que a gente quase morreu por ter nascido tão cedo”, conta Chamon. No mundo, não existia nada como aquela ideia. Mesmo o WeChat Pay, forma de fazer pagamentos pelo celular que revolucionou o mercado na China, só nasceu em 2014, dois anos depois. De 2012 a 2015, nos primeiros três anos do PicPay, o maior desafio foi entender se as pessoas usariam o aplicativo. “Quando você está construindo algo novo, precisa vencer essa etapa”, diz Chamon. “É diferente de quando você cria uma nova versão de algo que já existe e já sabe que pode ser útil para as pessoas.”
Nessa fase,
o número de usuários não chegava nem perto dos mais de 65 milhões de brasileiros hoje cadastrados no aplicativo PicPay. Entre as poucas pessoas que já conheciam o app, Chamon sabia o nome de todos.
Muitos dos usuários eram clientes de um café de Vitória, que foi o primeiro estabelecimento da cidade a aceitar PicPay como forma de pagamento: o Café Bamboo.
E, muitas vezes, para se aprofundar no funcionamento do aplicativo na prática, Chamon passava as tardes lá, enquanto observava a experiência daqueles que faziam pagamentos via PicPay.